Trago hoje mais uma dica de leitura. Tratarei de dois livros interessantíssimos. O primeiro é ficção. O segundo é real.
Vamos então falar do livro de ficção: A cidade do Sol.
Este livro conta a história de duas mulheres afegãs. A história é comovente e triste. Não vou contar o enredo, mas quem se dispuser a lê-lo terá muitas horas de diversão e também poderá refletir sobre as diferentes maneiras como as mulheres são tratadas ao redor do mundo. O livro tem um final positivo e cheio de esperança.
Recomendo que você leia esse livro e em seguida leia o Livreiro de Cabul. Você poderá comparar ficção com a realidade e perceber como a segunda é cruel e triste.
Escrito pela jornalista norueguesa Åsne Seierstad, O Livreiro de Cabul conta como foi a convivência da autora com a família de Sultan Kan, um livreiro afegão. Um dos aspectos mais marcantes desta obra é a maneira como as mulheres da família do livreiro, supostamente um homem liberal para os padrões do Afeganistão, são tratadas. Li esse livro depois de ler A cidade do Sol e o choque foi terrível, pois no primeiro livro, as personagens fictícias tiveram chance de escapar da vida que as oprimia, mas as personagens reais não. Isso me causou grande angústia. É terrível ver uma pobre moça afegã tentar estudar e não conseguir, tentar trabalhar e não poder, ser obrigada a casar com alguém que mal conhece. E o pior, não há chance de sua história mudar. Lamento o spoiler, mas esse aspecto da história foi muito marcante para mim. De qualquer forma, não há só esse tema, há muitos outros. O livro traz muitos aspectos da vida afegã. Não fala só das mulheres, é muito rico culturalmente.
O livreiro ficou indignado com a jornalista e escreveu um livro para contar sua versão dos fatos. A forma como a autora retratou o livreiro mostrou um homem mesquinho e cruel. Até o lançamento do livro, Sultan Kan era tido como um intelectual que resistia aos talibãs ao manter sua livraria aberta.
Segundo Kan, o olhar da jornalista é um olhar ocidental, incapaz de perceber que a realidade afegã a que estava submetido não permitia que ele agisse de forma diferente. Pode até ser, mas a mesquinharia suplanta diferenças culturais. Há mesquinhos brasileiros, chineses (como você pode ler em Cisnes Selvagens), afegãos, dinamarqueses, ocidentais e orientais.
Os livros de que mais gosto são os que me permitem conhecer outra cultura. Em outro post, falarei de uma das minhas autoras favoritas, Ami Tan.
Até lá.
Concordo, Amélia. Esse livro realmente é muito bom.
ResponderExcluirÓtima semana para você!